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10:10

O olhar sobre o outro

Quinta-feira passada fiquei encarregada de cuidar da exposição (Eye of the Beholder) e juntamente comigo estava Leah uma das pintoras. O sol brilhava maravilhosamente e no jardim da galeria a briza suave convidava a uma tarde deliciosa junto a um bom livro e a uma adorável companhia. 

Eu, obviamente estava em posse de meu livro, mas para minha surpresa Leah me ofereceu, para um breve passar de olhos, uma obra entitulada Kabbalah on Love. A minha surpresa foi justamente por eu estar nessa semana pensando muito em meus estudos de Tarot, que andam um pouco de lado nesse momento, e como muito do entendimento sobre os  significados das cartas está baseado nos conceitos da Kabbalah peguei o livro sem hesitar e para o azar da Leah somente o larguei assim que terminei a última página.

O livro não tratava das árvores da vida e portanto não foi muito útil para os meus estudos, mas gostei muito de alguns pensamentos e direções apresentadas, principalmente quando aplicados no contexto de relações 
sociais.

A prosposta é apresentar o Amor como um sentimento desprendido do ego e portanto voltado para o outro. Quando as inseguranças, o egoísmo, o receio e a vaidade acossiadas ao ego dão espaço para um amor sincero livre da expectativa de recompensas o mecanismo das interações interpessoais deixam de ser vazias e passam a ser justas e gratificantes.

O interessante da idéia é que ela não prega o conformismo mas a ação conjunta, uma vez que você doa Amor, este por sua vez será doado a você. Mas tudo isso dentro de um intercâmbio coletivo. Gostei muito da metáfora da diferença entre o Céu e o Inferno usada no livro, vou tentar reporduzi-la brevemente aqui:

Deus convida um rapaz a conhecer 2 lugares o Céu e o Inferno.
Primeiramente eles se dirigem ao Inferno e lá o cenário apresentado ao rapaz é um lugar repleto de pessoas fracas e famintas desesperadas por alimentos, o curioso é que justamente no centro havia um caldeirão repleto de alimentos frescos e saborosos. No entanto, cada pessoa possuia uma colher muito longa e por mais que elas tentassem encontrar soluções era impossível por meio dessa colher pegar os alimentos e levá-los à boca.
Então juntos eles partiram rumo ao Céu e lá haviam pessoas felizes e satisfeitas, todas muito bem alimentadas, o cenário era exatamente idêntico ao do Inferno, o mesmo caldeirão e as mesmas colheres. Entretanto, no Céu as pessoas haviam aprendido a usarem as longas colheres para alimemtarem-se umas as outras e assim, um colocando a comida na boca do outro, todos viaviam muito saudáveis e sem passar por nenhuma restrição. 

Acho que isso já diz tudo. Eu concordo e realmente acredito que o olhar em direção ao outro pode causar transformações não imagináveis na nossa sociedade.




20:51

Elizabeth Gilbert e uma nova releitura sobre o processo criativo

Ultimamente ando muito interessada em um tema em particular: o processo criativo e seu desenvolvimento. Também aprecio muito a idéa e a série de palestras apresentadas no TED, e para a minha total alegria, naquele espaço pude encontrar excelentes materiais tratando desse assunto. Já postei aqui um video maravilhoso do Ken Robinson e agora apresento um video bem legal da Elizabeth Gilbert, lembrando que recentemente, no meu primeiro encontro do Entre Mulheres e Letras eu peguei emprestado o seu best seller Comer, Orar, Amar, e após já ter dedicado um post bem pessoal sobre o livro, me deparo com esse video onde a autora faz um discurso de como encontrar formas alternativas para apaziguar as angústias que envolvem o precesso de criação artística. Vale a pena conferir!!!!



11:31

A Minha Palavra é:

Pela primeira vez vou comentar aqui que eu participo de um clube de literatura em português na Holanda. Nesse clube, formado por mulheres maravilhosas e enlouquecidas por livros, emprestamos mutuamente livros além de compartilharmos nossas experiências sobre títulos e autores. O clube se chama Entre Mulheres e Letras e possui um blog:


No meu primeiro encontro peguei emprestado um best seller que eu estava curiosa para ler faz um tempo. Comer, Orar e Amar é o título e a autora chama-se Elizabeth Gilbert. Trata-se de uma empreitada da escritora em busca de si própria em 3 países distintos, Itália, Índia e Indonésia. Eu gostei do livro principalmente pelo fato dela apresentar os conflitos que acredito a maioria dos ocidentais, ainda mais os que seguem o american way of life, vivem quando decidem ir em busca de seu lado espiritual. Acho que o caminho traçado por Gilbert foi muito acertado, procurando incialmente cuidar de uma alma machucada por meio de um prazer mundano como comer, para depois se entregar em uma busca mais aprofundada de seu self.



No entanto, dentre várias informações bacanas que pode-se tirar desse livro eu fiquei com duas em particular, a primeira é sobre a irmã dela ter aprendido a nadar sozinha por meio de um livro chamado: Como aprender a nadar. Minha gente, esse é o ápice do auto-didatismo, aprender a nadar lendo um livro é algo fabuloso...creio que nem o Julio (meu marido), que é um auto-didata de alta categoria conseguiria aprender a nadar sozinho se utilizando apenas de um livro.

A segunda foi a conversa que ela teve com um taxista na Itália, onde ele diz que as cidades assim como as pessoas podem ser definidas por uma palavra, e a autora passa parte do livro tentando descobrir qual seria a sua palavra. Obviamente eu fiquei com isso na cabeça, mas para mim a resposta veio simples, direta e imediatamente.

A minha palavra é Equilíbrio!

Já implícia no meu signo solar (Libra) essa palavra determina todas as minhas opiniões e diretrizes. Praticamente sempre me vejo tentando aplicar o famoso ditado: "Nem tanto ao céu, nem tanto à terra". Não acredito em pensamentos e nem ações extremistas, e apesar de possuir uma postura e discurso por muitas vezes conclusivo e forte, para o observador atento fica claro a flexibilidade de minhas idéias. 

Junto à palavra equílibrio segue sempre a palavra conciliação, para se encontrar o centro da balança é necessário conciliar os vários aspectos da vida. Não que eu seja sempre bem sucessida em aplicar as duas palavras na minha rotina, mas certamente são elas que me guiam e é em busca delas que me esforço diariamente em aprimorar minha forma de viver. Ter isso claro para si próprio, facilita muito a razão pela qual e para qual você faz suas escolhas e certamente auxilia a melhorar as qualidades delas.

Deixo aqui para vocês a mesma dica que a autora deixa sub-entendida no livro, procure a sua palavra e a utilize para compreender melhor qual o caminho que desejas seguir.

18:43

Literatura de Cordel- Será mesmo que para falar de Amor é necessário um português correto?

Ter a língua portuguesa como língua mãe é um privilégio a ser reconhecido, ser natural de um país tão imenso e diversificado quanto o Brasil nem se fale! A interligação entre cultura popular e erudita é estreita e enriquecedora em todos os níveis, desde a música, artes plásticas até a literatura. No final, tudo se mistura e quase não é possível mais distinguir uma arte da outra. Isso faz desse país tão peculiar, um ventre  fértil para qualquer forma de expressão artística, e o resultado é esse fantástico apanhado de obras tão originais e livres em formas e conteúdos.

A cultura popular, muitas vezes proveniente de classes menos favorecidas e com menor acesso à educação, comumente inspira e modifica toda a trajetória do desenvolvimento cultural brasileiro, e é nesse terriório, que acredito, onde a democracia brasileira consegue ser realisticamente bem-sucedida. As manifestações populares acontecem em todas as regiões do país e cedo ou tarde migrarão, se miscigenarão e entrarão sem pedir licença na casa de cada um.

O ponto em questão é que com educação ou sem educação (sem dimunuir a importância essencial do acesso à educação formal para todos), esse povo tão criativo vai encontrar alguma forma de se expressar, e vai gerar material de alta qualidade para o apreciamento dos intelectuais. Dentre tantos, um exemplo tão objetivo é a famosa literatura de cordel, cujas origens remotas européias tiveram uma releitura altamente regional, e tornou-se característica do nordeste brasileiro. Seguindo métricas e modalidades, os temas variam desde o amor passional até a rotina e vida cotidiana dos habitantes daquela região.

A riqueza em quantidade de textos em cordel é gigantesca, e os poetas variam desde bem renomados e reconhecidos até anônimos. Apesar de ter adiquirido o devido respeito entre os estudiosos de literatura e escritores consagrados, arrisco dizer,  que sua popularidade ainda não atingiu em grande escala as classes detentoras do conhecimento intelectual em outras regiões do país. Mesmo com o dinfundido teatro de cordel, com espetáculos frequentes nas agendas culturais paulistas e cariocas, acredito que seja raro achar alguma obra dessa categoria literária na estante de grande parte dos leitores sulistas, ou mesmo de outras regiões.

Essa foi minha principal motivação para escrever esse poste, e assim, trazer alguma forma de acesso fácil à literatura de cordel e outras formas de expressão artística inspiradas nessa forma de literatura. De fato, publico a seguir 2 links com curiosidades e discussões sobre a literatura de cordel. No primeiro, além de informações gerais sobre teatro e literatura cordelista é possivel encontrar alguns erros comuns no pensamento coletivo sobre o que é a literatura de cordel, e o segundo trata-se de uma série de textos diversos falando de cordel:


E após ter mencionado a conexão inevitável entre as diversas artes no Brasil eu não poderia deixar de citar, o agora famoso grupo musical, que mistura maracatu e música regional com toques de pop-rock, cujas letras são baseadas em literatura de cordel, apresentando performance teatral- Cordel do Fogo Encantado.  Abaixo segue, uma animação baseada na recitagem de uma poesia nordestina de carater popular feita pelo grupo no seu primeiro album, ilustrando a referência cordelista na obra dos citados músicos. 





23:25

A Soma dos Dias


Começo mais um poste falando novamente da amizade entre mulheres. Reinforço aqui a importância das amigas na vida das mulheres e aproveito por dizer que eu adoro as minhas. Em um dentre tantos momentos difícies da minha vida, encontrava-me sensível e me sentindo um pouco só, o que é raro de acontecer tratando-se de uma pessoa tão energética como eu. Porém, naquele momento o que me faltava era justamente a energia e a vitalidade que me mantinham ocupada a todo instante e tive que então me contentar em repousar e me sentir um pouco só. Como eu havia a pouco mudado para a Holanda não tinha estabelecido amizades proxímas o suficiente para compartilhar meu melancólico momento, e quieta fiquei por alguns dias. Felizmente esses dias não foram muitos, pois alguém muito especial na minha vida me presenteou silenciosamenta com um belíssimo e delicioso livro.

A Maíra é dessas amigas para sempre, com quem posso contar e dividir qualquer coisa, nossas similaridades são muitas e o diálogo flui perfeitamente. Nos falamos por skype sempre que podemos, e dividimos nossa vida virtual como se fossemos sócias. Sempre penso que seriamos excelentes parceiras nos negócios pois nossas mentes sempre adicionam. Eu adoro essa japonesinha que faz um gohan maravillhoso e consegue sincronizar seus pensamentos com os meus mesmo a 1 oceano de distância.

Pois bem que no meu momento de solidão recebo de presente da Maíra um dos melhores livros da Isabel Allende que já li. O título livro é ASoma dos Dias e trata-se de uma autobiografia narrada de uma forma leve e encadeada. A Isabel é uma dessas autoras que dialóga com o leitor e com toda a sabedoria adquirida na maturidade.





Logo, ela foi a minha amiga mais velha e experiente compartilhando sua trajetória e acalentando a minha de certa forma. Quando digo que é raro eu me senir só, não trata-se somente ao fato de eu estar sempre ocupada, mas também ao fato de que eu já adquiri a consciência de quem tem um livro tem um amigo. O diálogo entre escritor e leitor é real e pode ser profundo o suficiente para transformar idéias e sentimentos.

Nesse livro entrei em contato com uma história humana bastante tumultuada, mas também repleta de beleza amor e sucesso. Uma mulher latina, com filhos e uma situação financeira não das melhores mas com um talento inegualável, atinge a prosperidade profissional e aprende a lidar com a perda irreparável da morte de sua filha. O amor conjugal e sua vida em um país estrangeiro, os enteados, os netos, os amigos, as viagens, uma vida que se assemelha em tantos aspectos com tantas outras que conheço, mas contada de uma forma apaziguadora. Um deleite para o leitor a qualquer momento. Um amigo indispensável em um momento fragilidade. Um presente que só uma das melhores amigas que já passaram pela minha vida poderia me proporcionar.